sábado, 4 de agosto de 2007

7 - A Raiva

A vida é composta por alegrias e bênçãos, mas também por problemas. Problemas, como por exemplo os mencionados em baixo:

1. O Suicidio

2. As Preocupações

3. O Stress

4. O Medo

5. O Sofrimento

6. A Solidão

7. A Raiva

8. A Depressão

9. O Contentamento

10. As Mágoas

Como posso eu lidar com a raiva sem me descontrolar?

Nós todos gostaríamos de ter uma vida fácil, sem problemas, sem preocupações, sem ter que lidar com coisas como as Preocupações, o Stress, o Sofrimento, o Medo, a Solidão, a Raiva, a Violência, a Depressão, o sentimento de Perda, a Culpa e outras circunstâncias que nos podem levar ao desânimo, à angústia e ao desespero.

Por isso devemos aprender a lidar com estes problemas.

Como posso lidar com a raiva


I. Introdução

Eram 5 horas da manhã. Ângela acordou mais uma vez, pelo choro do seu bebé. Era a 10º vez naquela noite de Inverno. Ela sentia-se tão cansada, aquilo já vinha de alguns meses atrás.

Todas as noites. Ela já não podia mais. Estava irritadíssima!!!

O marido não estava em casa pois era o seu turno de noite. Ela se encontrava mais uma vez sozinha.

Ao ouvir de novo o choro da criança Ângela gritava para ela própria, perguntando:

“Porquê que isto me está a acontecer?”

“Que mal fiz eu para merecer isto?”.

Afinal eu não ando a pedir muito:

“somente uma boa noite de sono, mais nada”.

Mas o choro do bebé não parava, aumentava, a irritação de Ângela aumentava também, tornando-se pouco a pouco em raiva. Raiva contra o seu pequeno menino.

Ela dizia dentro de si própria:

“tu não tens o direito de destruir assim a minha vida” “porque não te calas”

e deu por ela a gritar enraivecida:

“Cala-te, por favor, cala-te”.

Correndo para o berço pegou no bebé e balançando-o de um lado para o outro enfurecida gritava:

”Porque me roubas o sono, noite após noite … cala-te … cala-te … por favor”.

Mas de repente, caindo em si própria, ela ficou assustada com as suas emoções.

Ela viu como é que a sua raiva descontrolada podia mesmo atacar o corpo indefeso do seu pequeno bebé de 6 meses.

Ela ficou aterrorizada consigo próprio, com a capacidade que ela sentia que havia dentro dela para destruir.

Então ela abraçou meigamente o seu filho e chorou, chorou … sem parar …

Nós podíamos contar muitos exemplos, em que uma pessoa pode perder o controle, encher-se de raiva e tornar-se destrutivo. Quando a nossa raiva aquece, torna-se perigosa, por isso, sabendo isso, temos que aprender a lidar com esta emoção que ataca a todos, até à pessoa mais santa deste mundo.

Como podemos aprender a lidar com a minha raiva, é o nosso tema?

Nós vamos fazer uma ligação da raiva com a violência, embora a violência não tenha só a raiva como causa. Há outros distúrbios emocionais e problemas que ocasionam a violência.

No final diremos alguma coisa sobre estes outros distúrbios e problemas. Mas vamos agora atacar a raiva antes que ela nos ataque a nós.

Para aprendermos a lidar com a raiva, temos que saber primeiro:

II. O que é a raiva?

Efésios 4:25-26 “Não pequem deixando que a ira vos domine. Antes que o dia acabe façam que a vossa irritação tenha fim. Em nenhum caso dêem ocasião a que o diabo encontre meio de vos fazer cair.”

A. Não devemos deixar a ira dominar-nos

“Não pequem deixando que a ira vos domine”.

É o que temos vindo a ver com as preocupações, o stress, que são necessárias, mas não podemos permitir se tornem de tal forma excessivas, que ficamos dominados.

Com o sofrimento, a dor, o medo, a solidão, é a mesma coisa, todos nós conhecemos estas emoções, mas não podemos deixar-nos dominar por elas, a ponto de carirmos no desespero e na depressão.

Voltamos àquele ponto que já vimos noutro capítulo desta tema como lidar com os problemas da vida:

“não é o que me acontece que conta, mas é a forma como eu lido com o que me acontece”.

Não é a situação que me irrita que conta. Mas é a forma como eu lido com a situação que me irrita que conta. Não é a pessoa que me irrita que conta, mas é a forma como eu lido com ela que conta.

Se não souber lidar com isso e deixo dominar, vai acabar por me fazer cair na raiva.

Vemos que neste texto a raiva nasce da nossa ira, ou irritação.

B. A ira não é uma emoção anormal

“Antes que o dia acabe façam que a vossa irritação tenha fim”

A irritação não é anormal, é uma das mais básicas emoções humanas. Toda a gente fica zangada. É normal ficarmos zangados contra uma situação ou contra pessoa que nos faz mal, ou só talvez porque não nos deixa fazer alguma coisa que queremos fazer, ou que nos diz coisa que não gostamos.

Uma irritação pode ser muito santa. Nós nos irritamos por causa da maldade. Deus também irrita-se com a maldade dos homens e chega ao ponto de castigá-los, quando a maldade humana atinge uma certa dimensão.

"A ira só se torna anormal se a deixamos prolongar e acumular, porque perdemos o auto-domínio e é nessa altura que a ira se torna em raiva e ficamos descontrolados".

A ira só desaparece quando encontramos a solução correta para ela. Se a nossa ira não for rapidamente dominada, quanto mais tempo se passar sobre aquele estado de indignação e até mesmo ódio, mais aquele sentimento se apega a nós e acaba se tornando em raiva. 

Não deixe a ira "aquecer" dentro de si. Pode tornar-se em raiva.


C. A ira pode ser utilizada pelo diabo


“Em nenhum caso dêem ocasião a que o diabo encontre meio de vos fazer cair.”

III. A raiva pode ficar silenciosa, mas latente

A. É difícil definir a raiva e identificá-la.

Porquê?

"Porque sabemos que a raiva é uma emoção hostil contra alguma coisa ou contra alguém, mas a raiva pode apresentar-se de diversas maneiras. Não se apresenta sempre num estado de violência".

A raiva pode manifestar-se com violência aberta, gritos ou agressões, mas às vezes pode manifestar-se através de um silêncio de morte, através de uma indiferença gelada. A raiva, às vezes, pode ser comparada a uma fornalha interior, dentro de nós, mas que não sai para fora em forma de agressão. Mas não deixa de ser raiva, e, um dia, sem contarmos, pode ser mortífera, pode matar e destruir com mais força do que aquela raiva que normalmente sai para fora.

B. A raiva nasce da ira que acumulamos dentro do coração

"Antes que o dia acabe façam que a vossa irritação tenha fim. Em nenhum caso dêem ocasião a que o diabo encontre meio de vos fazer cair.”

Por exemplo, na escola, um aluno pode sentar-se e calar-se diante de uma atitude injusta do professor e não fazer nada. Mas a raiva que fica dentro de si, pode um dia surgir de uma maneira desmedida. Da mesma forma, um filho que se cala diante do pai, uma mulher que não confronta uma atitude injusta ou agressiva do marido. "A raiva deles é como uma fornalha ardente dentro de si, que vai ardendo, ardendo, até que um dia pode queimar a sério, pode destruir e mesmo matar".

É a esta emoção que chamamos raiva – uma ira descontrolada.

"Deus sabe que se não abandonamos a ira, ela pode explodir um dia e ser utilizada pelo Diabo".

IV. Relação da raiva com o físico e o psíquico

Vamos explicar a relação que tem o nosso físico e o psiquico com a raiva.

Será que a raiva pode fazer o nosso físico reagir, o nosso psíquico mudar?

Em Gênesis 4:3-5 diz de Caim que “o seu aspecto alterou-se, por causa da zanga que tinha”


A. Em primeiro lugar - alterações fisiológicas.

Quando a pessoa fica num estado de ira, a adrenalina é derramada no sangue, dando início a muitas reacções fisiológicas no nosso organismo.

A pressão sanguínea aumenta logo de acordo com as batidas do coração que também aumentam. Os olhos ficam dilatados. Porquê, porque a ira é uma reacção de defesa. Surge, quando somos atacados, então os olhos ficam arregalados para podermos ver mais à volta de nós. As mãos começam a ficar húmidas e a boca seca. Os músculos recebem um fluxo de energia muito forte e se contraem.

O rosto fica pode ficar descaído e mesmo desfigurado (Como aconteceu com Caim - Génesis)

B. Em segundo lugar – alterações psicológicas

A seguir às alterações físicas, numa questão de segundos o individuo passa de um estado tranquilo, calmo, para um estado de “reacção de alarme”.

Ele fica em estado de defesa.

É importante reparar que esta reacção é involuntária, quer o individuo queira ou não, como houve mudanças fisiológicas, estas vão ser seguidas por mudanças psicológicas. E a partir daí a pessoas vai deixar de pensar de uma forma normal:

"E aqui é que começa o perigo da raiva? Quando a raiva toma conta do meu físico, acaba por tomar conta de mim - do meu psíquico".

O perigo é deixar a ira arder … arder … até se tornar em raiva destrutiva. Agora que já sabemos melhor o que é e como pode manifestar-se, vamos ver como lidar com ela.

C. A Raiva e o Coração 

Raiva de fato mata ou, pelo menos, aumenta significativamente os riscos de ter algum problema sério de saúde, onde se inclui desde uma simples crise alérgica, uma grave úlcera digestiva, até um fulminante ataque cardíaco.

Janice Williams acompanhou por seis anos 13.000 homens e mulheres com idade entre 45 e 64 anos e, tomando o comportamento como base, descobriu que as pessoas que se irritam intensamente, e com freqüência, têm três vezes mais probabilidades de sofrer um infarto cardíaco do que aquelas que encaram as adversidades com mais serenidade.

Isso ocorre porque, a cada episódio de Raiva, o organismo libera uma carga extra de adrenalina no sangue. O aumento da concentração de adrenalina aumenta o número de batimentos cardíacos e, simultaneamente, torna mais estreitos os vasos sanguíneos, o que aumenta a pressão arterial.

A repetição desses episódios pode alterar o ritmo cardíaco (arritmia), aumentar a pressão arterial e dilatar subitamente das placas de gordura que, porventura, estejam nas artérias.

A medicina tem enfatizado exaustivamente as condições de vida e tipos de personalidade que favorecem a doença cardíaca; quem fuma, como se sabe, tem até cinco vezes mais possibilidades de sofrer um ataque cardíaco, pessoas de vida sedentária apresentam risco 50% maior de ter problemas de coração, obesidade.

Agora, depois de muitos estudos sabe-se que a influência da Raiva no desenvolvimento de doenças cardíacas é comparável a essas causas anteriormente conhecidas. Isso quer dizer que, se a pessoa não tiver nenhuma dessas condições relacionadas ao desenvolvimento de doenças cardíacas mas for raivosa, estará igualmente sujeito à elas.

V. A ira em si mesmo não é pecado

Efésios 4:25-26 “Não pequem deixando que a ira vos domine. Antes que o dia acabe façam que a vossa irritação tenha fim. Em nenhum caso dêem ocasião a que o diabo encontre meio de vos fazer cair.”

Temos que fazer diferença entre um sentimento forte contra alguma coisa ou alguém e uma hostilidade furiosa, descontrolada e irracional.

Por exemplo, nas situações de injustiça no mundo, a rebeldia dos filhos, o abuso das crianças e dos pobres, a corrupção e a negligência dos homens, criam em nós sentimentos de antagonismo muito fortes.

Ficamos irados e com vontade de ver os culpados julgados e condenados por estas coisas. Este sentimento não é pecado e é necessário para travar o pecado e a injustiça no mundo.

"Se não houver homens com estes sentimentos o mundo já tinha acabado".

Vemos estes sentimentos nos Profetas e em Cristo.

Vemos também a ira que defende a justiça e pune os infractores, personalizada nas instituições de autoridade e justiça e nas instituições que defendem os direitos humanos. Ler Romanos 13 sobre as autoridades.



VI. Não há temperamentos pecaminosos

A. As pessoas são diferentes por causa dos seus temperamentos

Se de um lado, a ira pode produzir em qualquer pessoa aquelas alterações bioquímicas seguida de alterações psiquicas, donde surgem agressões instantânea verbais ou físicas, ou produzir reacções de silêncio, que podem acabar numa agressão mais forte e descontrolada, de outro lado as pessoas são diferentes e reagem e lidam de uma maneira diferente com a ira.

Cada indivíduo tem um padrão de reacção diferente do outro. Há pessoas que reagem logo muito forte à mais leve provocação, ao passo que outras conseguem superar mais facilmente as provocações sem se zangarem tão depressa. Estas diferenças são em parte hereditárias e genéticas e são em parte fruto da educação e do meio ambiente em que as pessoas vivem. No entanto, todas as pessoas, mesmo as mais calmas podem ter um ataque de raiva destrutivo.

B. O que pode levar a ira tornar-se em raiva.

A fadiga em extremo, frustração e stress em extremo, constrangimento e desespero em extremo pode levar uma pessoa irada a ficar raivosa e completamente fora de si.

VII. Como podemos lidar com a raiva

Efésios 4:25-26 “Não pequem deixando que a ira vos domine. Antes que o dia acabe façam que a vossa irritação tenha fim. Em nenhum caso dêem ocasião a que o diabo encontre meio de vos fazer cair.”

A. O mandamento é para não pecarmos.

"Não pequem deixando que a ira vos domine"

Não é forçosamente para não nos irar, mas para evitar que a ira que se torne em raiva pecaminosa, descontrolada e destrutiva.

Uma ira completamente justificada, por exemplo vinda de um professor, de um pai ou de um polícia a quem lhes faltaram o respeito, pode tornar-se em raiva destrutiva se o professor, ou o pai ou o polícia deixarem-se dominar por essa ira.

B. O mandamento é para não alimentarmos a ira.

"Antes que o dia acabe façam que a vossa irritação tenha fim"

Devemos lidar com a ira o mais depressa possível em vez  de deixá-la arder dentro de nós … arder até dominar completamente o nosso físico e a seguir as nossas emoções de tal maneira que nos tornamos como animais irracionais, enraivecidos e destrutivos.

C. O mandamento é para não darmos lugar ao diabo

"Em nenhum caso dêem ocasião a que o diabo encontre meio de vos fazer cair.”

Temos que distinguir entre a ira santa e a pecaminosa. O diabo odeia a ira santa e amorosa e alimenta ira que pode tornar-se em raiva destrutiva.

A primeira ira, a santa, o diabo não quer, a segunda ira, a pecaminosa, o diabo alimenta, pois ele é o ladrão que veio para "matar e destruir".


FIM

1 comentário:

Anónimo disse...

Esses aconselhamentos me ajudaram num momento de nervosismo em minha casa e me acalmaram o coração. Deus os abençoe.